terça-feira, 29 de novembro de 2016

notas sobre dias ruins

Ontem foi um dia pesado.
Antigos sentimentos de falta de pertencimento voltaram à baila com toda a força.

E hoje de manhã, duas músicas antigas, que eu já não ouvia há 1 década, surgiram das profundezas do inconsciente, como diria Freud.

Eu poderia falar muitas coisas...mas elas falam por si só.
A vida acadêmica tem muitos dias nublados, também...


Creep - Radiohead
"But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts
I wanna have control"

Creed - Don't Stop Dancing
At times life is wicked and I just can't
see the light
A silver lining sometimes isn't enough
To make some wrongs seem right
Whatever life brings
I've been through everything
And now I'm on my knees again

But I know I must go on
Although I hurt I must be strong
Because inside I know that many
feel this way

Children don't stop dancing
Believe you can fly
Away...away

At times life's unfair and you know
it's plain to see
Hey God I know I'm just a dot in
this world
Have you forgot about me?

notas sobre os tempos recentes...


Desde julho/2016, data da última postagem, muita coisa aconteceu.

Qualifiquei o projeto de dissertação, com a ajuda preciosa de temporadas de Game of Thrones (para desanuviar) e pessoas lindas que tenho o privilégio de chamar de amigos...que me ajudaram com revisão de texto, conversas de apoio e carregamento de bebidas e comida...Não esqueça: a jornada acadêmica tem momentos solitários, é claro. Mas a solidão não é o melhor caminho para chegar lá. Eu quase diria que nem dá para chegar lá sozinha/o.

Estou na fase de coleta de dados para a dissertação...entrevistando usuários de sistemas para tentar compreender o que traz satisfação para eles. Dizem que é a qualidade do sistema...eu acho que tem mais coisa aí.

Fiz o estágio-docência. O nervosismo da primeira aula deu lugar a um à vontade...e um desejo de fazer a diferença na vida de cada um que está à sua frente...Otimista, sim...idealista, com certeza. Mas continuo com pensamento de que devemos ter altas aspirações: a vida vai se encarregar de reduzi-las.

Fui para o EnANPAD. Apresentei um artigo sobre Humor nas redes sociais como estratégia de resistência ao sofrimento no trabalho. Ele nasceu de uma disciplina do mestrado...e tive muito prazer em fazê-lo, mesmo tendo que terminá-lo logo depois da ceia de Natal...rss...No congresso tive o prazer de conhecer pessoas muito especiais, embora tenha ficado evidente que a elite acadêmica é uma elite como qualquer outra. O meio acadêmico é como qualquer outro meio social. Se eu tinha alguma vã ilusão a respeito disso, ela foi reduzida a pó nos 3 dias em Costa do Sauípe.

Participei da seleção de doutorado do programa onde estou. Saiu o resultado: mais 4 anos de luta...se tudo correr como o planejado, daqui a alguns meses esse endereço vai mudar: de "quero ser mestra" para "quero ser doutora".

OFF-TOPIC
Fui para uma oficina de dança com a Companhia da Deborah Colker, balé contemporâneo. Mesmo errando toda a coreografia, foi um prazer deixar de lado todas as preocupações acadêmicas por três tardes. Com o auxílio precioso de um relaxante muscular, sobrevivi. Achei minha atividade física! =D

Tá explicado o sumiço do blog?

sábado, 16 de julho de 2016

Pré-projeto de mestrado: dicas (parte I)

Texto inspirado em perguntas que recebi por email =)
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"Por onde começo?"
O começo é a escolha de um tema. Você já tem um em mente?
Se sim, você pode avaliar se ele está relacionado a alguma linha de pesquisa e/ou algum professor orientador. Bons projetos podem ser rejeitados se não houver quem se interesse por ele.
Dá para ter uma ideia desta relação olhando o Currículo Lattes dos professores (não se engane pela descrição inicial do perfil: investigue os trabalhos que eles desenvolvem atualmente) e as dissertações/teses que foram defendidas recentemente. Achar algo parecido com a sua ideia é um bom sinal. Parecido, não igual.
Sobre fontes de inspiração alternativas para ideias de pré-projeto

"Como justificar e demonstrar a relevância do projeto para os avaliadores?"
Bem, se você conseguir um tema parecido com aquilo que já é desenvolvido pelo corpo docente, já abre o caminho para esta justificativa: o esforço necessário para convencer a banca sobre a sua relevância é menor.
Dito isto, há alguns professores que defendem que um projeto da área de Administração deve ter relevância teórica e relevância prática. Um projeto tem relevância teórica quando ele se propõe a trazer contribuições relevantes e necessárias para o conhecimento que se tem sobre aquele assunto. É preciso encontrar autores que digam: "há escassez de pesquisa sobre X e é importante pesquisar sobre isto por razões A, B e C". Então você diz que vai falar sobre X, em resposta à necessidade indicada pelos autores Fulano, Beltrano, etc. Evite citar livros-texto da faculdade, como Chiavenato. Dê preferência a artigos científicos.
A relevância prática são os benefícios que aquela pesquisa vai trazer para as organizações (no geral ou um grupo específico). Pode auxiliar a resolver um problema que causa prejuízo? Vai aumentar a satisfação de clientes? A retenção de funcionários? O desenvolvimento de uma comunidade? Etc, etc, etc.


"Como montar e fazer a articulação teórica?"
Resposta honesta: não sei. Estou aprendendo a fazer isso...kkkkkkkkkkk...
As teorias que você vai utilizar e a articulação entre elas dependem da sua área de estudos, do seu olhar...O mesmo objeto pode ser olhado de n formas diferentes...
É preciso ter cuidado para não misturar alho e maçã: um exemplo maluco - utilizar autores como Boaventura de Sousa Santos, que é um autor bastante crítico do capitalismo, para estruturar um trabalho que vise aumento de lucro de multinacionais.
Mas é difícil saber fazer isso antes do mestrado (e até mesmo depois...ainda estou bem longe da clareza que queria). Uma dica é encontrar trabalhos semelhantes ao que você pretende desenvolver, que tenham sido publicados em bons periódicos/congressos, e seguir as indicações teóricas que eles apresentam.

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Daqui a uns dias, vem a parte II   =)

Pré-projeto de mestrado: minha história de guerra

(Aviso: o texto abaixo foi escrito ao som de Spice Girls. É um texto sério. Mas não é muito sério. Não dá para ser muito sério ao som de "Wannabe").

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O ano vai se aproximando do fim...daqui a pouco começam as seleções de mestrado/doutorado. Em todo o país, aspirantes à vida acadêmica organizam pilhas de documentos, revisam o Lattes e se vêem às voltas com as páginas do pré-projeto.

Para quem não tem experiência com a escrita acadêmica, esta pode ser a parte mais aterrorizante. Eu fiz parte deste time: só fiz um TCC na especialização, e um relatório de trabalho na graduação. Ou seja...
Objetivos específicos? Objetivo Geral? Articulação teórica? What?!

E, para piorar, eu já comecei com altas aspirações: em vez de me inspirar em algum trabalho meu anterior para o pré-projeto, eu quis buscar um novo tema, que fosse interessante para mim, para a ciência e para alguém de bom coração que quisesse me orientar (ver representação gráfica bonitinha sobre isso aqui).

Uma ótima intenção. Linda, perfeita, super justificada.

O problema é que as pessoas levam anos para conseguir fazer isso. Basicamente, este é o trabalho de uma doutoranda.

Obviamente, eu, na época aspirante a mestra, não ia conseguir. Foram semanas de desgaste, horas sem dormir, matutando e matutando...Para, no fim, elaborar um projeto que, nas palavras de um professor da banca, "tinha problemas de aderência, pertinência e contextualização ". Ou seja, só o português se salvava (*).

E hoje, elaborando o projeto de dissertação MESMO, ele não tem nenhuma relação com aquele pré-projeto do começo. Mas continuo com as mesmas intenções elevadas...rss...

Ah, Rosa...então você se arrependeu daquele esforço todo?
Hmmm...não. Foi tenso, mas no fim do processo da escrita eu estava até feliz...E acabou sendo uma preparação para a minha rotina atual.
Porém, há caminhos menos tortuosos: ampliar trabalhos que você já fez pode ser uma boa opção =)

(*) Em tempo: como falei aqui, meu pré-projeto de dissertação em 2014 queria abordar a relação entre o ativismo digital e o ativismo tradicional (na vida "real"), ou seja, a tecnologia como elemento desencadeador de transformações sociais (na época eu não falava assim bonito..rss...). Eu precisava de uma causa específica, porque o ativismo digital é um tema amplo...escolhi o feminismo. De lá para cá, houve uma série de iniciativas sobre este tema: virou notícia e TT mundial. Ou seja, o tema em si tinha "caldo". Mas não para um contexto que estuda tecnologia em empresas. Fica a dica: pertinência é tudo! =D

Artigo aprovado no ENANPAD!



Eu vejo essa imagem e penso três coisas:

"Uhuuuuu!!! Alguém achou que o artigo tava legal!!! Meu primeiro ENANPAD!!! Tchau Síndrome do Impostor!!!"

"Vou conhecer a Costa do Sauípe!!! =D"

"O congresso é caro ou é a bolsa que é pequena??!?!?!? =( "

Pense numa felicidade agridoce...rss...
E segue a vida acadêmica! =D

domingo, 26 de junho de 2016

A importância das pausas na vida acadêmica

Vem aí um feriado.
E você está cheio de coisas para fazer: é texto para ler, texto para revisar, texto para escrever...

E agora, José? Aproveitar o feriado ou abraçar as tarefas?

Depende.

Só digo uma coisa: quando nossa produção está emperrada, as palavras não fluem e as ideias não se conectam, uma pausa pode ser a salvação da lavoura.

Qualquer que seja sua escolha, tente se concentrar: se for curtir, esqueça o trabalho. Se for trabalhar, não fique imaginando a diversão. Senão, nem o mel nem a cabaça.

Isto, posto...

O São João de Caruaru é amor! =)
E as pessoas de lá, especialmente! =D

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Como ler artigos científicos em inglês

Aviso: se você é um leitor fluente em inglês, este post não é para você.
Este post é para quem arranha algumas coisas de inglês, até curte umas músicas estrangeiras, mas entra em pânico quando o desafio é ler um artigo acadêmico inteiro (14 páginas!!! =O ) no idioma da rainha.

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A maior parte da literatura acadêmica é em inglês, especialmente na área de Sistemas de Informação. Infelizmente (para nós, brasileiros). But, deal with it (em bom português: aceita que dói menos..rss..). Em algumas áreas de estudo, além do inglês, pode ser relevante ler em francês, alemão, russo, etc. Mas, vamos por partes.

A primeira estratégia para lidar com um artigo em inglês é recorrer a algum programa tradutor e traduzir o artigo inteiro (colando o texto no Google Translator, por exemplo). Válido? Com certeza! O problema é que a tradução nem sempre é condizente com o texto: já vi gente ter mais trabalho tentando entender a salada traduzida do que teria com o texto original. Além disto, sempre recorrer a tradutores, diretamente, para todo o texto, pode complicar sua vida no momento de um teste de proficiência no idioma, por exemplo, porque você não está familiarizado com a leitura.

Então, sugiro uma estratégia para te ajudar com os textos em inglês. Não é solução mágica. Mas pode ser um pontapé para o aprendizado.

Passos para ler artigo científico em inglês se você não sabe inglês

  • Crie um novo arquivo de texto para a tradução. Pode ser no word, no caderno, no bloco de notas, num anexo do pdf. Você escolhe;
  • Quando começar a ler o artigo, tente entender (traduzindo mesmo, com dicionário, programa, tradutor do Google) o resumo e o título. Se mesmo depois de traduzido não der para captar a ideia geral, não entre em pânico: siga adiante;
  • Escreva a tradução do nome das seções que compõem o artigo. Embora os títulos das seções de artigos no Brasil normalmente sigam o padrão "Referencial, Metodologia, blá blá", nos artigos internacionais este título costuma ser significativo: está relacionado ao conteúdo mesmo. Então, fazendo um "índice traduzido" do texto dá pra ter uma ideia do que vem por aí. Quando tem muita leitura pra fazer, só essa ideia às vezes já é suficiente pra contribuir numa aula;
  • O mesmo que você fez com o resumo (traduzir e tentar entender), faça nas conclusões;
  • Depois, comece a leitura do texto em si, mas de maneira "preguiçosa": a ideia é só criar uma frase (ou poucas frases) para cada título de seção, sem ler tudo. Entendeu o significado do título da seção? Passa para a próxima!
  • Se o material tiver esquemas, quadros, tente capturar a ideia geral, lendo o texto um pouco acima ou abaixo deles, e as legendas;
  • Finalmente, você volta naquilo que te chamou a atenção (ou que é mais importante no momento) e leia a seção inteira. Daí vá "recheando" mais o esboço que você já tem

A ideia é fazer isso por pedaços: hoje você pode só identificar os títulos, amanhã elaborar as frases para cada seção e daí por diante. A gente cansa mais rápido quando lê em inglês.

Segue um exemplo de tradução que fiz. Para quem não leu o original, a tradução pode não ficar tão clara, mas para mim, foi o suficiente para compreender o conteúdo geral do texto.


Tradução "esquematizada" - Linda Argote
Artigo original: ARGOTE, Linda. Organizational learning research: Past, present and future.Management learning, v. 42, n. 4, p. 439-446, 2011.


Em tempo: deve haver trocentas técnicas para leitura em inglês. Inclusive isto que falei aqui pode ser uma técnica com nome e sobrenome. Se sim, me conta! O tempo está bem curto, então pulei esta parte da pesquisa: a sequência que mostrei aqui é a que acabei criando sem querer, depois de muito bater cabeça no começo do 2º semestre do mestrado.


E você? Que estratégias usa?

domingo, 19 de junho de 2016

Sobre a escrita de projeto para qualificação



Pergunta:
O que acontece depois de ler sobre e-learning, interpretativismo, aceitação de tecnologia, uso de SI, sucesso em SI, Task Technology Fit , implantação de SI, abordagem sociotécnica, user experience, usabilidade, apropriação de tecnologia e ERP?

Resposta:
Você fica morta/o de cansaço.
Mas ainda não tem um projeto de qualificação.

Kátia, tamo junta!

sábado, 7 de maio de 2016

Verdades sobre organizações, para profissionais de TI/SI

Estou lendo muitos artigos sobre o papel dos sistemas de informação nas organizações e uma coisa tem me incomodado: os pressupostos que as pessoas ligadas à tecnologia por vezes adotam. Meu palpite é de que estes pressupostos podem atrapalhar bastante (e Orlikowski concorda comigo). Se eu pudesse dizer algo para "geral", seria o seguinte:

  • Para você a tecnologia é um fim. Para eles, é meio. Deal with it.
  • A tecnologia não resolve nada, não transforma nada, não melhora nada. Pessoas resolvem, pessoas transformam, pessoas melhoram. Para isso elas podem usar (a sua) tecnologia (ou não).
  • Não é porque a tecnologia está disponível que ela será utilizada.
  • Usuários que usam o sistema da forma que você acha que eles deveriam usar são milagres a serem estudados. Não são a regra. E isto não é, necessariamente, uma coisa ruim.
  • Quando um(a) usuário(a) reclamar de algo, ouça: ele(a) pode não se expressar nos termos mais claros, adequados ou compreensíveis, mas por trás daquele emaranhado há uma demanda. Ouça.
  • Se o seu sistema exigir mudanças na forma de trabalho, é melhor se preparar: as pessoas vão resistir. Garanta que a mudança vai valer a pena. Você também não ficaria exatamente feliz se um dia alguém simplesmente decidisse que você vai ter que migrar os códigos para uma linguagem nova, maravilhosa e obscura que o chefe conheceu no último congresso em São Paulo. Usuários são pessoas comuns, com um trabalho diferente.

* Lista será atualizada/modificada conforme inspiração.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

A volta da que não foi


Pouco mais de 8 meses desde a última postagem no blog.
Não, eu não morri. Não, ainda estou longe do doutorado. Mas também não desisti do mestrado.

Desistir do mestrado? Eu? Depois de tanto esforço?
Não, eu não faria.
Mas olha, preciso fazer uma confissão: não está sendo fácil.

O período entre julho e janeiro foi bem pesado para mim: acabei fazendo o inverso da maioria das pessoas, cumprindo mais créditos no segundo semestre do que no primeiro. Dica: só faça isto se as disciplinas realmente valerem a pena.

A parte positiva é que foram áreas de estudo bem distintas, então eu não sentia tédio. Na mesma semana estudava, por exemplo, um método para pesquisa quantitativa, alguns princípios para desenvolvimento de Sistemas de Apoio à Decisão, a importância das rotinas para a Aprendizagem Organizacional e, para encerrar, o sofrimento no trabalho.

As atividades finais acabaram consumindo o mês de janeiro: só terminei oficialmente o primeiro ano de mestrado praticamente no Carnaval.

Depois vieram problemas de saúde na família, problemas de saúde meus, mudança na casa, etc.

No meio de tudo isto, muita leitura e estudo para identificar um objeto e um problema de pesquisa, uma vez que o pré-projeto da época da seleção não tinha aderência suficiente à linha de pesquisa. Li sobre avaliação de software, sucesso em tecnologia, uso de tecnologia, modelos de aceitação de tecnologia, apropriação...

E é neste ponto em que me encontro agora. Acho que achei um ponto de partida, ao menos.
Oremos.