Pode ser que você venha a descobrir que a sua disciplina é bastante flexível (acontece com frequência em disciplinas optativas), te permitindo trazer para a sala de aula tudo o que você já adquiriu como bagagem em outras experiências acadêmicas e/ou profissionais. Ou talvez perceba que se trata de uma disciplina obrigatória com uma bagagem teórica pesada a ser trabalhada, que vai te exigir horas e horas de leitura.
Suas dificuldades vão variar muito conforme o cenário que tiver. Aqui tento ter em mente o “pior” cenário possível.
Ah, caso você já tenha familiaridade com a disciplina, ainda assim te recomendaria dar uma olhada nas dicas, em especial se você estiver utilizando a sua experiência na graduação como referência. Você pode se surpreender ao descobrir o que a disciplina X ou Y deveria ter sido.
1 - Entenda o que é abordado na disciplina (e o que não é)
Minha primeira dica é consultar o Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Todo curso de graduação tem um projeto pedagógico, normalmente disponível no site da instituição. Neste projeto são definidas as diretrizes do curso, inclusive as ementas de cada disciplina. Idealmente a ementa traz uma lista com os principais tópicos abordados, assim como bibliografia recomendada e complementar.
Procure o PPC do curso onde você irá lecionar e localize a
sua disciplina. Com um pouco de sorte, você encontrará um bom ponto de partida
para entender o que se espera que seja ensinado. Em tese, tudo o que está lá
faz parte da disciplina. Tudo que não está, não faz parte.
Conheço quem não faça isso, seja por discordar do que está
definido no PPC, seja por já possuir materiais já prontos para a disciplina,
etc. É claro que o PPC não é uma camisa de força – o docente tem autonomia em
sua atividade. Como professora iniciante esta consulta foi importante para mim
porque pude perceber o que a instituição tinha definido como exigência para a
disciplina – em última instância, esta exigência seria um parâmetro para minha
avaliação. Então, achei válido.
Além disso, pouco depois do início do semestre, recebi
alguns processos de alunos que solicitavam dispensa da disciplina porque já a tinham
cursado em outra instituição. Como estava familiarizada com aquilo que a minha
instituição exigia, era mais fácil avaliar se a dispensa poderia ser aplicada ou
não.
Outra dica, além do PPC, é acionar a sua rede de contatos, e
perguntar se alguém é/foi professor desta cadeira. É pouco provável que você vá
ensinar uma disciplina que ninguém ensinou antes. Colegas podem te ajudar não
só a entender do que se trata a disciplina, mas também podem indicar livros e
artigos interessantes, assim como fornecer planos de ensino que eles já elaboraram.
Dicas de colegas também são especialmente úteis quanto à forma de avaliação –
pergunte: “Você fez prova? Sugeriu algum projeto?”. Se houver disponibilidade,
tente conversar com a/o profissional que lecionava a disciplina antes – mas não
se sinta obrigado a fazer o mesmo que vinha sendo feito, especialmente se a/o
docente tiver muita experiência na área.
Se tiver tempo...
Um outro ponto interessante do PPC é entender como a sua
disciplina está enquadrada no curso – no 1º ou no último semestre? É
obrigatória ou eletiva? O que os alunos já deveriam saber ao chegar a este
ponto? A disciplina fornecerá bases para outras?
Como professores iniciantes, estamos um pouco em pânico,
pensando como é que vamos dar conta de tudo isto (escrevo estas linhas e sinto
o mesmo tremor no corpo que sentia na altura). Porém, passado este pânico,
vamos começar a enxergar o sistema de que fazemos parte.
Lembra da sua graduação, quando vez por outra havia uma
disciplina que era praticamente uma cópia da disciplina anterior? Ou quando
você iniciava um novo semestre e o professor ficava frustrado porque vocês já
deviam ter dado conteúdo A ou B e ninguém da turma tinha ouvido falar? A
causa disto pode estar num PPC malfeito ou desatualizado, assim como em profissionais
que desenvolveram o seu trabalho sem considerar o todo.
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