(ou "Porque você deve começar a aprender sozinhx AGORA")
Durante a nossa vida escolar ficamos acostumados com um modelo de ensino baseado na figura do professor(a): ele(a) é a figura que domina o conteúdo e nós somos aqueles que devem prestar atenção e aprender. Para potencializar o aprendizado, ele(a) deve usar técnicas que envolvam aqueles estudantes que preferem ler, aqueles que gostam de ver, o grupo da "mão na massa", etc.
À medida em que avançamos nos anos escolares, vamos ganhando mais responsabilidade. Quem se graduou em faculdades públicas conhece bem o sistema TV ("Te Vira").
No mestrado vejo a mudança radical. A autonomia deixa de ser uma escolha ou exceção para se tornar obrigação. O professor não é mais aquele que explica todo o conteúdo, a perspectiva histórica, as relações entre conceitos, etc. Ele se torna um mediador de debates, um questionador, um orientador. Você se torna, de fato, o protagonista de seu aprendizado.
A dinâmica da maioria das disciplinas no mestrado de Humanas é a seguinte (*):
- Professor(a) indica leituras da próxima aula (alguns já indicam todas as referências no início do semestre);
- Você lê (e relê) os textos, escreve um resumo dos pontos-chave, relaciona possíveis dúvidas e faz uma avaliação do texto, comparando-o com outros textos da disciplina, outras disciplinas, sua experiência pessoal, etc. Pode (deve?) elaborar questionamentos e críticas ao trabalho em questão, bem como suas aplicações e consequências;
- Você vai para a aula: a turma começa revendo os pontos principais e daí vêm o compartilhamento e o debate de ideias, pontos de vista, autores, conceitos, etc (elaborados individualmente). O professor lança questionamentos, explica pontos obscuros, concilia pontos de vista divergentes, etc;
- A aula termina e são indicadas as leituras da próxima aula.
Compreendeu o nível de autonomia? E ainda há os seminários, os artigos, etc.
Você faz o seu aprendizado na disciplina. Ela será tão boa quanto forem as suas próprias leituras e reflexão (não se trata apenas de memorizar).
Logo, a primeira coisa que um aluno de mestrado deve conseguir é "aprender sozinho". Isto envolve algo que comentei aqui, sobre descobrir como você aprende, seu ritmo, etc. Este autoconhecimento vai definir muito do seu desempenho no mundo acadêmico.
E não é apenas "aprender sozinho". É aprender sozinho através da leitura: embora filmes e documentários (p.ex) possam fazer parte das referências da disciplina, a maior parte do material é composta de livros e artigos. Logo, aprender lendo é um requisito para sobreviver.
Eu estou me reacostumando com esta dinâmica: ela exige tempo e dedicação, fora de sala de aula. Por isto é tão complicado conciliar mestrado e outra atividade - o tempo nas aulas é apenas uma pequena parcela do todo.
Então, fica a dica: acostume-se a aprender sozinho, e leia muito.
Ah, e recomendo utilizar alguma ferramenta como o Mendeley, que te permite criar resumos e comentários dentro dos próprios arquivos .pdf: é ele que está me dando uma força nesse início de 2º semestre.
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(*) Há exceções: disciplinas que envolvem Matemática e uso de software são algumas delas.