terça-feira, 28 de abril de 2020

Sou professora universitária iniciante - e agora, José??


Você se tornou professor/a de Ensino Superior. Vai dar aulas na Faculdade X ou na Universidade Y. Parabéns!!! Espero que você esteja muito feliz com esta conquista.

E então você fica sabendo as disciplinas que irá ministrar. Agora é real. Começa a fase de preparação para o início do semestre.

Há quem se prepare por meses (#sonho). No meu caso, foram aproximadamente 4 dias entre a confirmação das disciplinas que lecionaria e o início das aulas. Embora esta não seja a situação ideal, está longe de ser uma exceção – não é raro um docente ter que assumir turmas até mesmo no meio do semestre devido a algum imprevisto.

Se você recebeu disciplinas das quais só tem uma compreensão superficial e este é o seu primeiro semestre como docente, deixa eu te dar um abraço virtual – estive exatamente nesta situação no início de 2018(*). Esta nova série de posts, que mencionei aqui, são um resumo do que aprendi após três semestres de docência. É fruto de erros, acertos, reflexões, conselhos de gente amiga. É o que eu queria ter lido naqueles 4 dias.

(Caso esteja procurando a série sobre ANPAD, clique)

É claro que nem todos os que começam na docência passam por grandes dificuldades. Seu volume de trabalho e os seus desafios vão variar muito conforme o cenário que tiver – espero que o seu seja o melhor possível. Aqui, porém, escrevo tendo em mente o cenário que eu tive – disciplinas obrigatórias com as quais eu não tinha muita familiaridade, carga teórica considerável, turmas grandes, professores anteriores com muita experiência.

Antes de mais nada: NÃO ENTRE EM PÂNICO. #guiadomochileirodasgalaxias

Respire. Você foi selecionada(o). Você é capaz.

Como qualquer professor experiente vai te dizer (não eu, porque eu sou só pós-iniciante), você tem autonomia para fazer o seu trabalho - ou algum grau de autonomia, ao menos. Existe flexibilidade para fazer adaptações conforme necessário. Se é a primeira vez que você vai ensinar determinada disciplina, o mais provável é que você venha a se familiarizar com os assuntos ao longo do semestre – é irreal pensar que você vai dominar todo o conteúdo antes.

No mundo ideal nós nos tornaríamos professores apenas daquilo que estudamos e/ou investigamos na pós-graduação (mestrado/doutorado). Porém, esta não é a realidade de muitos professores substitutos nem daqueles que trabalham em instituições privadas.

Felizmente, nem tudo é desvantagem. Ensinar algo que você eventualmente não domina significa que você não sofrerá da maldição do conhecimento. Nas palavras da psicóloga Sian Beilock, a maldição do conhecimento significa que "à medida que você melhora cada vez mais no que faz, sua capacidade de comunicar seu entendimento ou de ajudar outras pessoas a aprender essa habilidade geralmente fica cada vez pior" . Assim, talvez você possa proporcionar um ensino melhor do que um expert no assunto. A maldição do conhecimento é também a razão pela qual escrevo esta série agora, e não aqui a uma década.

Se você tiver recebido disciplinas que estão diretamente relacionadas à sua área de formação/investigação, fique grato - e atento. Neste contexto, talvez seu grande desafio seja decidir qual é a melhor forma de conduzir a disciplina com alunos de graduação. Por favor, não seja como um professor de Algoritmo que tive na graduação, que resmungou no meio de uma aula para a turma toda ouvir: “a pessoa faz um pós-doc pra ensinar a fazer ‘if’”. Não seja essa pessoa.

Seja qual for a sua relação com as disciplinas que recebeu, a grande tarefa a ser executada antes do início das aulas é a construção do plano de ensino. Ele será o assunto do próximo post.

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(*) Se você já é um docente com experiência, peço que deixe sua contribuição para este material =) 

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